Ontem à noite, enquanto as estrelas desfilavam suas vestimentas no tão aguardado Met Gala 2025, uma pergunta pairava no ar como purpurina em uma sala iluminada: o que Hailey Bieber usaria desta vez? Mas, curiosamente, foi longe dos flashes principais, no after party do Met, que ela realmente roubou a cena. Às vezes me pergunto: será que o verdadeiro espetáculo começa depois da meia-noite?
Como uma boa investigadora da moda, fui logo atrás de descobrir quem havia assinado o look que virou assunto da noite e eis que encontrei uma deliciosa curiosidade: o vestido era de Dilara Findikoglu, a designer turca que vem conquistando as passarelas internacionais com sua estética ousada e cheia de personalidade. E, claro, pela nossa conexão especial com a moda turca, não poderíamos deixar essa história passar em branco. Preparamos uma supermatéria para mergulhar nesse encontro de culturas, estilos e muita atitude.
Dilara Findikoglu nasceu em Istambul, mas foi em Londres que sua voz criativa encontrou eco. Radicada na capital inglesa, ela rapidamente se tornou uma presença influente na semana de moda londrina, desafiando padrões e expectativas. Desde sua graduação, suas coleções não entregam apenas estética são manifestos vestíveis, misturando tons religiosos, políticos e culturais. Em um mundo onde a moda tantas vezes escolhe o caminho seguro, Dilara prefere provocar, questionar e por que não? Inspirar.
E foi exatamente essa mistura de provocação e refinamento que apareceu no look escolhido por Hailey para o after party do Met Gala. Fugindo do óbvio, a it girl apostou em um vestido que traduzia a essência de Dilara: sensual na medida certa, carregado de personalidade e com aquela irreverência que transforma um outfit em algo inesquecível.
Entre recortes estratégicos e uma sensualidade autêntica, o look parecia sussurrar algo que Dilara defende desde o começo de sua carreira: a moda pode e deve ser uma forma de expressão sem amarras.
E assim, em uma noite onde tantos buscaram impressionar, Hailey brilhou justamente por ser fiel a quem ela é: uma musa moderna que não tem medo de ousar, principalmente quando as luzes baixam e a verdadeira festa começa.
Hailey, no entanto, não foi a única a se render ao universo provocativo de Dilara. No after party, outras estrelas poderosas também apostaram nas criações da designer turca, como Kim Kardashian e Hunter Schafer dois nomes que, assim como Dilara, entendem o impacto de uma imagem e o poder silencioso de uma roupa bem pensada.
Cada uma, à sua maneira, incorporou a estética intensa e ousada da marca, provando que, no cenário da moda contemporânea, Dilara Findikoglu não apenas cria vestidos: ela cria momentos.
Em uma noite onde o brilho era esperado, talvez o verdadeiro luxo tenha sido ser fiel a si mesma. E, entre tanto glamour fabricado, Dilara Findikoglu, através de suas musas, nos lembrou que estilo de verdade não se veste; se sente.
Dilara Findikoglu
Antes de seus vestidos serem disputados por estrelas como Hailey Bieber, Dilara Findikoglu já desafiava o sistema. Formada pela Central Saint Martins, levantou sua primeira bandeira ainda na universidade: reuniu colegas que não haviam sido selecionados para o desfile oficial de formatura e criou seu próprio show no pátio da escola, um movimento batizado de #encoreCSM que já dizia muito sobre sua alma questionadora.
A história de Dilara, no entanto, começa muito antes, ainda na Turquia. Aos quinze anos, ao folhear uma revista de moda, ela se deparou com a trajetória de John Galliano, o primeiro estilista britânico a comandar uma maison francesa e decidiu: Central Saint Martins seria seu destino.
Entre o tradicionalismo turco e a pressão familiar, ela embarcou para Londres, determinada a escrever sua própria narrativa. E como se o universo reconhecesse sua coragem, anos depois Dilara conquistaria um estágio ao lado do próprio Galliano, então na Maison Margiela.
Mas a força de sua criação vem das raízes. Crescida em meio a conflitos religiosos e extremismo, Dilara transformou dor em arte. Sua coleção de estreia, Primavera/Verão 2016, apropriou-se de simbologias religiosas como o Jardim do Éden para criar uma nova narrativa: uma religião que libertava, não aprisionava.
Hoje, suas roupas misturam alfaiataria vintage, tons fortes de vermelho e preto, referências ao punk e ao rock, ideais feministas e um certo magnetismo oculto. Fascinada por alquimia, magia e o desconhecido, Dilara constrói, peça a peça, um universo onde o passado é revisitado com um olhar iconoclasta e onde a moda é menos sobre tendências e mais sobre revoluções pessoais.
Dilara Findikoglu e a moda brasileira
Quando penso em Dilara Findikoglu e na moda brasileira, um nome imediatamente acende na minha mente como uma lâmpada vintage em uma tarde chuvosa: Mayara Jubini, a força criativa por trás da Artemisi.
Assim como Dilara, Mayara traduz a audácia em peças que desafiam o comum, mesclando atitude e estética de forma quase magnética. Não é surpresa que ambas sejam queridinhas das estrelas de Katy Perry a Anitta, todas parecem entender que moda, nas mãos certas, vira arte.
Artemisi é mais do que uma marca de high fashion; é um laboratório de invenções vestíveis. Entre tecnologias de ponta e designs de tirar o fôlego, Mayara aposta em técnicas como modelagens 3D, metais, resinas, cristais moldados à mão e pintura artesanal, um verdadeiro espetáculo para os olhos e para a alma.
Cada peça é uma história única, um sussurro de rebeldia elegante que nos lembra que, seja em Londres ou no Brasil, a verdadeira moda nasce onde a coragem encontra a criação.
No fim das contas, moda de verdade não é feita apenas de tecidos ou tendências é feita de coragem, de identidade e da vontade de provocar o mundo. De Londres ao Brasil, Dilara Findikoglu e Mayara Jubini nos lembram que a verdadeira revolução acontece quando a criação se torna uma extensão da alma. E é aí, nesse exato ponto de encontro entre ousadia e autenticidade, que nasce aquilo que realmente faz história.