Hoje é um daqueles dias que tocam fundo na alma. É Sexta-feira Santa, um dia em que cada um encontra sua própria maneira de manifestar a fé. Alguns oram. Outros jejuam. Muitos se recolhem no silêncio, buscando respostas dentro de si. Há quem não coma carne, em sinal de respeito e entrega. E eu? Eu escolhi escrever. Escolhi falar com você, do jeito mais sincero que posso de coração aberto, alma exposta e palavras que saem direto do meu íntimo. Porque às vezes, a fé também se manifesta assim: em forma de conexão.
Confesso: enquanto estava pela estrada, esse texto ficava martelando na minha cabeça. Escrevo ou não escrevo? Divido ou guardo só pra mim? Afinal, algumas coisas são tão íntimas que a gente teme expor como se, ao colocar em palavras, elas perdessem um pouco da magia, da profundidade. Mas então pensei… por que não? Por que não dividir justamente hoje, nesse dia tão simbólico, o meu encontro com Ele? Sim, com ELE. Aquele que se sacrificou por nós, por mim, por você. Aquele que, mesmo conhecendo nossas falhas, decidiu amar até o fim.
Vivi e cresci em uma família profundamente católica daquelas em que a fé não é só uma escolha, mas um legado. Uma herança passada de geração em geração, como as receitas da vó ou os álbuns antigos guardados com carinho. Toda Sexta-feira Santa, desde que me entendo por gente, oramos juntos os 33 Credos. Levantamos. Ajoelhamos. Silenciamos o mundo lá fora para escutar o que só a alma consegue ouvir. Essa tradição nos conecta, mesmo quando estamos longe. Seja em São Paulo, no interior, em Minas ou em qualquer canto onde tenha alguém da nossa família… lá estará também essa oração. Um fio invisível que nos une através da fé, do tempo e do amor.
Posso dizer que eu sempre tive fé… mas a verdade é que eu não a praticava. Não com o coração aberto. Não com a entrega real de quem confia, mesmo sem ver. E foi em 2020, no auge da pandemia, que tudo mudou. Estava no meu quarto, mergulhada no desespero, e fiz o que nunca tinha feito de verdade: chamei o Pai para uma conversa sincera. Só eu e Ele. Sem máscaras, sem ensaio. Questionei sua existência com a coragem de quem já não tinha mais nada a perder. “Como é possível o Senhor fazer tantas maravilhas na vida das pessoas… e me esquecer?” — perguntei entre lágrimas.
Chorei tanto naquela noite. Me ajoelhei. Me entreguei. E fui dormir cansada, sem saber que aquele momento mudaria tudo.
Naquela mesma noite, sonhei com a fachada da ISMY. Clara, linda, viva. E foi aí que entendi: Ele tinha me respondido. Se você está usando alguma peça da marca… ou lendo essas palavras agora, saiba que você também faz parte dessa promessa.
Acordei eufórica, com o coração batendo fora do peito. Pedi perdão por ter duvidado, por ter sido tão fraca… e me senti tão pequena diante da grandeza daquele gesto.
Desde então, a nossa relação nunca mais foi a mesma. Hoje, eu falo com Ele como quem fala com um velho amigo. Porque naquele dia, no silêncio do meu quarto, eu descobri que Ele sempre esteve ali só esperando eu abrir a porta.
Ele vem guiando os meus passos. Com paciência. Com amor. Me revelando por sonhos, por sinais… e me provando, dia após dia, que Ele nunca me esqueceu. Pelo contrário era eu que ainda não estava pronta para recebê-lo de verdade.
Esse é, sem dúvida, um dos relatos mais íntimos que eu poderia compartilhar hoje. E toda vez que conto, não tem como segurar: eu choro.
Choro de emoção.
Choro de amor.
Choro de compaixão.
E agora, enquanto escrevo essas palavras, meus olhos estão marejados de novo. Porque reviver esse momento é como sentir aquele abraço invisível que só ele sabe dar.
Mas veja bem… não importa no que você acredita. Eu não estou aqui para tentar te convencer de nada. Não quero que essas palavras sejam um sermão, muito menos uma imposição.
Talvez fé seja exatamente isso: Um encontro silencioso que muda tudo. Uma conversa sussurrada no escuro, quando ninguém mais está ouvindo. Um sonho inesperado que acende uma luz.
A fé, eu aprendi, não chega com barulho.
Ela entra devagar, quando o coração está pronto mesmo que a gente não saiba disso ainda.
E se hoje, em plena Sexta-feira Santa, eu decidi abrir esse pedaço tão íntimo de mim, é porque sei que talvez, em algum canto, alguém esteja precisando ouvir que não está sozinho.
Que a dor passa.
Que as respostas vêm.
E que Ele… Ele sempre esteve ali. Esperando, com os braços abertos.