Caros leitores dessa humilde coluna, atendi ao chamado de vocês e fui assistir Amor da Minha Vida. Entre uma garrafa de água e um sofá aconchegante, me deparei com algo inesperado: meu próprio reflexo em várias cenas dessa série.
Desde pequena acreditei que a vida seria como nas histórias que lia em livros e assistia em filmes. Intenso, inesperado, e capaz de mudar tudo em um segundo. Um segundo estou estressada e no segundo seguinte estou dançando no escritório com a minha irmã comemorando alguma conquista.
Mas há algo intrigante sobre esses segundos que mudam tudo. Eles não chegam com aviso prévio ou trilha sonora de fundo. Na vida real, o grande plot twist às vezes aparece entre um e-mail que você esqueceu de responder e uma ligação inesperada. E, assim como na série que devorei em uma madrugada, percebi que talvez a vida não seja sobre esperar por esses momentos, mas sobre como reagimos a eles.
E isso me fez pensar nos encontros inesperados. Aqueles que acontecem quando você menos espera, mas que, de alguma forma, parecem ter sido escritos para você. Pode ser um desconhecido na fila do café, um sorriso compartilhado no trânsito, um reencontro que resgata um pedaço perdido de você mesma ou até mesmo aquela menção em um aplicativo qualquer. Esses momentos não apenas mudam o rumo do dia, mas têm a habilidade mágica de trazer leveza à bagagem que carregamos. Porque, de repente, aquele peso que parecia insuportável se dissolve em uma conversa despretensiosa ou em um olhar que diz: eu te entendo.
Enquanto assistia aos personagens navegarem por seus encontros e desencontros, notei que as histórias mais envolventes não eram aquelas planejadas com perfeição, mas as que nasciam do caos e da vulnerabilidade. E então me perguntei: será que estamos sempre preparados para abrir a porta para o inesperado? Ou será que, às vezes, estamos tão presos aos nossos próprios roteiros que deixamos os segundos mais mágicos escaparem?
Ao me ver chorando de rir depois de engasgar com uma menção que continha uma piada interna, me dei conta de que esses pequenos momentos, essas pausas na loucura do dia, são o verdadeiro clímax da nossa narrativa. Porque, no final, a vida não é como as histórias que lemos ou assistimos; é como as histórias que escrevemos, uma página de cada vez, com rabiscos, erros de ortografia e parágrafos inesperados. E muitas dessas páginas começam com encontros que parecem acasos, mas que podem ser pura poesia.
Talvez seja por isso que eu me identifiquei tanto com aquela série. Não pelos grandes gestos ou pelos finais épicos, mas pelos momentos entre eles. Porque a vida acontece ali, no intervalo entre uma conquista e outra, entre um segundo estressante e outro dançante. E, principalmente, na leveza que só o inesperado pode trazer. Como uma brisa que entra pela janela e bagunça tudo, mas te faz respirar fundo e sorrir.
Então, caros leitores, aqui vai a minha reflexão: e se permitíssemos que os segundos inesperados e os encontros improváveis escrevessem nossa história, ao invés de insistirmos em controlá-los? Afinal, a beleza da vida está justamente em não saber qual será a próxima cena ou quem vai entrar nela.