“I see red, red, oh red”

Agora imagine a fusão de 50 Tons de Cinza com os bastidores intensos de Verdades Secretas, e você terá uma ideia da atmosfera quente e provocante que tomou conta da passarela no desfile da marca Bold Strap no SPFW, na última quinta-feira (17). A marca, conhecida por sua pegada de sadomasoquismo e sexual care, apresentou um espetáculo onde as fronteiras entre moda e desejo se desmancharam como seda ao toque.

Sempre achei curioso como a moda consegue revelar aquilo que a sociedade prefere esconder. Em tempos em que o conservadorismo grita por recato e “boas maneiras”, Pedro Andrade surge como uma brisa fresca ou talvez, uma rajada provocativa. Sua marca, uma mistura ousada de sensualidade crua e elegância meticulosamente calculada, desfilou como quem diz: “Podemos até nos cobrir, mas nossos desejos estão à mostra”. Irônico, não? Porque, enquanto muitos pregam moralidade, é justamente no closet desses moralistas que as peças mais provocantes costumam se esconder. Bom, não por muito tempo.

Como se o desfile não fosse audacioso o suficiente, o grande destaque da noite foi Camila Queiroz. A atriz, que deu vida à sedutora Angel em Verdades Secretas, desfilou pela terceira vez para a Bold Strap, com aquela mistura irresistível de elegância e intensidade que só ela consegue transmitir. Sua presença evocou todo o mistério envolvente da novela, e por um momento, parecia que estávamos dentro de uma nova trama carregada de sedução.

Quanto aos looks, a essência da moda-fetiche estava lá, com recortes estratégicos e amarrações, mas desta vez, o sexy invadiu os códigos do cotidiano. Underwear e harnesses dividiram espaço com vestidos, calças, jaquetas e camisetas, numa mistura instigante entre o sensual e o casual. A leveza das transparências, seda e tons nude ou pastel contrastou ousadamente com materiais robustos como látex e couro. Um equilíbrio perfeito entre provocação e usabilidade, provando que o fetiche também pode ser incorporado ao dia a dia, de forma elegante e surpreendente.

Para completar a provocação, a K-Med, marca de bem-estar sexual do grupo Cimed, fez uma parceria certeira com a Bold Strap, elevando o impacto do desfile. A cenografia contou com 5 mil tubos de lubrificantes estrategicamente distribuídos, além de brindes para cada convidado. Um lembrete sutil ou nem tanto de que a moda, assim como a sexualidade, pode ser explorada sem amarras, sem censura.

No fim das contas, o desfile transcendeu as roupas. Era sobre o poder de explorar nossas fantasias mais secretas, seja na passarela, seja na vida. Cada peça se tornou um convite para romper barreiras, desafiar convenções e trazer à tona desejos que muitas vezes tentamos esconder. A moda, nesse contexto, se transformou em um veículo de libertação — uma forma de expressar o que há de mais íntimo em nós. Não era só sobre estilo, era uma experiência sensorial, emocional, um lembrete de que nossas fantasias merecem ser vividas, e com direito a plateia.