Foto reprodução Instagram @lecanovo
Ontem, 21 de abril, enquanto o país desacelerava em clima de feriado, São Paulo respirava moda. Em meio ao burburinho da cidade, aconteceu o tão aguardado desfile da CHARTH e eu sabia que esse seria o momento ideal para estrear um novo espaço por aqui. Apresento a vocês “O Veredito”: uma coluna feita para quem busca mais que tendências passageiras. Aqui, falamos com o coração, mas também com olhos atentos. Sem filtros, sem publicidade, só uma opinião honesta sobre coleções, marcas e tudo que desfila diante de nós. Porque, no fim das contas, a moda também precisa de verdade.
Intitulada de “Charth Phases”, a nova coleção nos convida a voltar no tempo para uma era em que o sol e a lua não eram apenas corpos celestes, mas divindades que regiam os destinos. Inspirada em Selene, a deusa da lua, e Eos, a deusa da aurora, a proposta da marca era clara: celebrar o encontro entre duas forças opostas, mas profundamente complementares. Com referências à Grécia Antiga, o desfile prometia mais do que moda, prometia uma travessia. Um mergulho mitológico, onde tecidos se tornariam constelações e o caminhar das modelos, uma dança entre noite e dia.
CONCEITO:
Charth acertou em cheio ao trazer um conceito poético. Em uma fase em que a moda anda em ritmo acelerado de copia e cola, ver o lúdico ganhar espaço é como respirar ar fresco. Há algo de mágico quando uma coleção te permite não apenas vestir uma peça, mas viver uma fantasia. E talvez seja disso que estejamos precisando. De mais sonho, mais sensibilidade, mais escapismo bonito. A moda, afinal, sempre foi um portal. E “Charth Phases” soube nos conduzir por ele com leveza e significado.
O timing também não poderia ser mais simbólico. A coleção parece espelhar o próprio momento que vive Nastacia Schacht, fundadora e diretora criativa da marca, que agora entra de vez no universo do lúdico ao lado do pequeno Matteo. Um novo ciclo, uma nova fase, e uma coleção que é, acima de tudo, um lembrete de que a beleza ainda pode ser um refúgio doce e cheio de histórias.
DESFILE:
E como todo bom sonho, a experiência não ficou só nas roupas. Com cenários instagramáveis dignos de uma deusa moderna, o desfile da CHARTH foi além da passarela. Ela ofereceu uma verdadeira viagem sensorial à Grécia Antiga. Havia areia sob os pés, projeção mapeada transformando o espaço em um templo mitológico, e o som delicado de uma harpa embalando o momento como se cada nota fosse uma prece ao belo. Era impossível não se deixar levar.
Com um casting impecável que mais parecia ter sido escolhido diretamente do Olimpo, CHARTH mais uma vez mostrou que sabe como encantar do começo ao fim. Um dos pontos altos de seus desfiles sempre foi a escolha certeira de grandes nomes, e desta vez não foi diferente. Já vimos deusas como Izabel Goulart e Camila Coelho cruzarem sua passarela, e agora, pela segunda vez, Camila Queiroz trouxe sua presença para dar vida à coleção. Tudo isso sob o olhar apurado de Pedro Sales, que mais uma vez assinou o styling e entregou uma narrativa visual coesa, forte e inspiradora.
No fim, “Charth Phases” não foi apenas um desfile, foi um lembrete suave de que a moda ainda pode nos transportar. E que, às vezes, tudo o que a gente precisa é de um pouco mais de poesia no nosso presente.
PEÇAS:
Esse foi o sexto desfile da CHARTH que acompanho e, pela primeira vez, posso afirmar sem hesitar: eu teria absolutamente todas as peças no meu acervo pessoal. A coleção foi um encontro raro entre conceito e execução, onde cada look parecia carregar um fragmento da história que se propôs a contar. E isso importa, especialmente para quem não é expert em moda, mas ama acompanhar. É preciso enxergar a narrativa estampada nas peças, sentir a alma da coleção ali, costurada em cada detalhe. E foi exatamente isso que CHARTH entregou.
Com silhuetas fluidas, tecidos leves, elementos simbólicos como os cintos em diferentes alturas (um costume típico da Grécia Antiga), o uso poético do dourado, do branco, dos tons terrosos e dos acessórios, tudo nos convidava a viajar. Não apenas para outra época, mas para dentro de um universo onde estilo e significado andam lado a lado. E quando moda consegue fazer isso? Ah… é pura arte.
O VEREDITO
Existem desfiles que você assiste. E existem desfiles que você sente. “Charth Phases” foi esse segundo tipo. Uma coleção que não apenas passou pela passarela, mas que passou por dentro de mim. Um respiro em meio ao barulho do óbvio, uma entrega sensível em um tempo que tanto precisa de beleza com propósito.
Foi poesia em forma de tecido, foi fantasia transformada em moda. E mais do que referências bem aplicadas ou escolhas estéticas certeiras, foi verdade. Verdade no olhar de Nastacia, na música que embalava os passos, nos pés afundando na areia e, principalmente, nas roupas que contavam uma história. Dessa vez, CHARTH não quis apenas impressionar, quis tocar. E tocou. Como poucos conseguem fazer.
Se a moda é um portal, essa coleção nos abriu a porta para um tempo mágico. E, ao atravessá-la, a gente sai um pouco diferente do outro lado: mais leve, mais encantada, mais apaixonada pelo que a moda ainda pode ser.